100 dias sem gerenciamento de crise

Claramente, a Prefeitura de João Pessoa perdeu na guerra da mídia em dois episódios seguidos. Nesses casos, o desgaste vai para o gestor. No primeiro caso, foi o descontinuidade dos contratos com as empresas que recolhem os resíduos sólidos pela cidade. Ficou mal explicado. SA comunicação não soube depurar as informações e demonstrar, antes que a batalha jurídica começasse, porque o município estava rompendo unilateralmente os contratos. Também não ficou demonstrado a eficácia da Emlur em substituir as contratas e garantir a efetiva prestação de serviços aos cidadãos. No outro caso, este bem mais gritante, a confusão armada para o prosseguimento da campanha de imunização, trouxe luzes para a fragilidade na estratégia de estancar as desinformações sobre esse calendário e as medidas que as autoridades sanitárias estavam adotando.

Aliás, não é só a Prefeitura de João Pessoa que vem sofrendo revés em sua imagem. Recentemente, no episódio do pregão das compras de celulares, num contrato de comodato para planos de telefonia móvel, a Câmara de Vereadores de João Pessoa se viu em maus lençóis. Por cima tem outro pregão, com a bagatela de quase R$ 300 mil, para renovação de contrato de plano de Saúde coletivo que passou quase despercebido pela imprensa. Talvez, nessa última concorrência, por não estar tão direcionada como foi o caso dos 35 Iphones de última geração e por ser prática adotada por todos os outros poderes e instituições. Mas isso não dá as credenciais que seja um negócio moral. Legal, sim.

Já no município, esses erros repetidos trazem um desgaste desnecessário à imagem do prefeito, que tinha como mantra de sua campanha, entregar a João Pessoa o melhor mandato da sua vida. Completamos um ciclo dos 100 primeiros dias e ainda dá tempo se recuperar. Ficou o arranhão desses episódios, mas ainda não deu para trincar. A comunicação se perdeu e levou o prefeito Cícero Lucena e o seu vice Léo Bezerra (em exercício do cargo) também por um caminho espinhoso. Faltou, assim como nos casos da Câmara de Vereadores, gerenciamento de crise. Talvez porque o calcanhar de Aquiles seja o mesmo.