Uma geração em perigo

Quase dois anos de pandemia e os prejuízos para a a formação acadêmica são imensuráveis. Timidamente, as instituições de ensino vão sinalizando um propósito de retorno de suas atividades presenciais, com sérias restrições e protocolos sanitários adotados em todos os seus departamentos. Até assistirmos a volta das aulas 100% presenciais temos um longo caminho a percorrer. A verdade é que, no caso da Paraíba, nas instituições de ensino superior, o corpo docente já está vacinado com as duas doses de imunizastes contra a Covid 19. Nosso calendário de vacinação já foi preenchido até a faixa etária dos 18 anos e já está retornando com a terceira dose para quem está acima dos 70 anos.




Mesmo que retorne, os prejuízos ainda estarão na estante do tempo. Perdemos professores, mestres, alunos e colaboradores nas batalhas contra esse vírus. Perdemos vida e saber acumulado em mentes brilhantes. Só não podemos perder o senso de responsabilidade com as futuras gerações. O que estamos assistindo são multidões se deslocando para todos os espaços urbanos, na maioria das vezes para o lazer, mas não temos visto a volta às salas de aula de forma tão intensa. Essa desculpa do risco de contaminação parece vencida. As escolas particulares voltaram à suas atividades e recebem crianças em salas de aula, seguindo protocolos de higienização que vão nos seguir por muitos e muitos anos. No caso das universidades, no início de 2022, já não há como se esconder dessa nova realidade. Era desse "novo normal"que falávamos há um ano.




A Universidade Federal da Paraíba, por exemplo, vai agora começar a debater o retorno das atividades presenciais, mas apenas para servidores técnicos/administrativos. A permissão ainda tem que vir do Conselho Superior Universitário (Consuni), mesmo sabendo-se de que todos já tomaram as duas doses das vacinas. No caso dos alunos, esse tema ainda é delicado, Fala-se no retorno só no próximo ano, mas a cada semestre que passa, esse fosso aumenta e recuperar o tempo perdido ainda fica mais difícil.




Claro que não dá para ficar arriscando a vida de ninguém e, por isso mesmo, tem que ser adotado um padrão rígido de controle da segurança para a saúde de todos. Depende também do senso de responsabilidade de cada um. O reitor da UFPB, Valdiney Gouveia, espera pelo início do segundo semestre deste ano - 2021.2 - para fevereiro de 2022, como ele disse em entrevista no programa Correio Debate, da TV CORREIO, na segunda-feira passada, mas já trabalha com a possibilidade de uma portaria para o retorno dos servidores que tenham completado o ciclo de imunização.




A UFPB descarta, desde já, a adoção de qualquer tipo de passaporte ou fiscalização em alunos, docentes e servidores, para saber se eles estão imunizados.




Num ranking internacional, publicado recentemente, a Universidade Federal da Paraíba figurou entre as 1.300 melhores instituições públicas de ensino superior do Mundo.  "Estamos progredindo", acalentou o reitor. Sim, estamos; mas poderíamos acelerar esse passo para situarmos entre as 1.000 no próximo ranking, caso saíssemos desse momento de estagnação. Repito: nada de colocar em risco a vida de ninguém.




As instituições de ensino superior também terão pela frente um grande desafio: debater o papel de cada uma dela no pós-pandemia. Já há uma articulação entre dirigentes de instituições, públicas e privadas da Paraíba, para que ocorra um debate nesse nível em dois dias. Enquanto isso não vem, são necessárias definições sobre o que acontece hoje com a educação superior. O atraso vem acumulando problemas, o calendário escolar está represado mesmo com semestres suplementares, há retenção de estudantes em semestres de onde eles já deveriam ter vencidos e de alunos que não concluíram seus cursos.  No caso da UFPB, a previsão é de que o calendário seja regularizado até o final de 2002, segundo o reitor Valdiney Gouveia disse ao Correio Debate, da TV Correio.




A Universidade Federal da Paraíba tem um papel fundamental no desenvolvimento do Estado. De suas bancas saem doutores, profissionais gabaritados e multiplicadores de conhecimento. Nascem ideias e surgem descobertas de pesquisas que podem nos inserir num contexto melhor, sob todos os aspectos, dentro da sociedade competitiva em que vivemos. A UFPB também tem em sua pauta de discussão a implementação de um bônus, com teto de 10% para alunos que fizeram e concluíram o curso médio na Paraíba. Depende da aprovação do Consepe. Então, se um aluno tira 700 pontos no Enem, com o bônus o paraibano chega a 770 pontos. Outros estados do Nordeste, como o Ceará, já implantaram o sistema de bônus para alunos locais e coloca em desvantagem os estados concorrentes.




Um estudo mostra que 80% dos alunos paraibanos ficam no Estado, enquanto no caso dos egressos de outros estados esse percentual cai para baixo de 60%. Inverter essa balança é o que se impõe nessa guerra de bônus entre as universidades. Um passo de cada vez nesse novo normal, mas não se pode deixar de olhar para a necessidade do retorno às aulas presenciais no mais breve essa;o de tempo possível.