Água Doce melhora qualidade de vida de famílias no semiárido
28 de junho de 2017
Redação

O Programa Água Doce do Governo federal, executado pelo Governo da Paraíba em diversos municípios, vem melhorando a qualidade de vida de muitas famílias da região do semiárido, tanto no que diz respeito à saúde delas, como na criação de possibilidades de geração de renda.

A Associação dos Moradores de Caiçara possui diversos exemplos disso. A entidade existe há 10 anos e está localizada no assentamento Mata, na cidade de Amparo, a 307 km de João Pessoa. No local vivem 29 famílias que são beneficiadas pelo Programa Água Doce, que tem como objetivo garantir o acesso à água de boa qualidade para o consumo humano, por meio de sistemas de dessalinização.

A chegada do sistema contribuiu significativamente para a melhoria na qualidade de vida das famílias do assentamento. A água consumida antes pela população possuía 2.164.1 ppms (partes por milhão de sais), o que é considerado altamente prejudicial à saúde. Hoje a água possui 150 ppms, o que está dentro do padrão para o consumo humano, de acordo com a portaria de nº 2.914/2011 do Ministério da Saúde.

A agricultura Elizete Inácia da Silva, de 43 anos de idade, foi uma das moradoras da região que adquiriu problemas de saúde por causa da água salgada. “Aqui a gente cozinhava as comidas com água salgada. Eu sou hipertensa e de uma hora pra outra eu comecei a ficar inchada. Fui ao meu médico e ele disse para eu suspender o uso de água salgada para fazer a comida. O sistema chegou aqui na região e hoje a gente só cozinha as comidas com essa água tratada e agora minha saúde voltou ao normal, aliás, a de todo mundo aqui”, relatou.

O sistema de dessalinização instalado no local também possibilitou a criação de peixes da espécie tilápia no assentamento. Parte da comunidade fica encarregada pela criação de aproximadamente mil peixes, que são mantidos em dois tanques e é com essa criação de peixes que as famílias conseguem arrecadar renda para a manutenção da própria associação, como explica o presidente da Associação dos Produtores Rurais do Sitio Caiçara, José Nogueira.

“A gente retira os peixes dos tanques uma vez por ano e aí eles são vendidos para a Prefeitura de Amparo, que distribui durante a Semana Santa com os moradores beneficiários do Bolsa Família. Chegamos a arrecadar cerca de R$ 8 mil com as vendas dos peixes, por ano. No final ainda sobra um peixinho pra gente”, acrescentou o agricultor.
O sistema produtivo ainda é composto pela plantação de Atriplexnummularia, uma planta forrageira arbustiva, de ambientes áridos e semiáridos, que se desenvolve bem em solos com alto teor de sal, por isso em alguns lugares é conhecida pelo nome de “planta sal”. A atriplex cultivada no assentamento é destinada à alimentação dos animais, carneiros, cavalos e bois, segundo José Nogueira.

“Nós irrigamos a atriplex com a água que sai de um dos tanques, quando estamos fazendo a limpeza do espaço. Para isso nós temos disponível um terceiro tanque. Essa água é rica em nutrientes por causa da ração e das fezes dos peixes. Toda a água que utilizamos aqui é reaproveitada!”, destacou.

O sistema de dessalinização é composto por poço tubular profundo, bomba do poço, reservatório de água bruta, abrigo de alvenaria, chafariz, dessalinizador, reservatório de água potável, reservatório e tanques de contenção de concentrado (efluente). A água dessalinizada é armazenada em um reservatório de água potável, para distribuição à comunidade, e o concentrado armazenado em um reservatório para ser encaminhado aos tanques de contenção e evaporação.

Rob TabolKa, engenheiro da Secretaria de Infraestrutura, Recursos Hídricos, Meio Ambiente e Ciência e Tecnologia (Seirhmact), é o coordenador do Programa Água Doce na Paraíba. Para ele, esse sistema produtivo do assentamento Mata é um verdadeiro exemplo de associativismo. “Todo o trabalho de lá é realizado de forma coletiva. Uns ficam responsáveis pela criação de peixes, outros pela plantação da Atriplex e isso é muito importante dentro de uma comunidade rural. Podemos dizer que é um projeto 100% sustentável, onde eles têm a água para o consumo humano e animal, a criação de peixes, a produção de alimentos para os animais e tudo isso promove a geração de renda para os moradores. Enfim, a sustentabilidade está toda envolvida em um só lugar e, se não fosse essa água tratada através do Água Doce, eles não teriam nada disso”, ressaltou.

Para manter o bom funcionamento do sistema, os integrantes da associação ainda acharam outra forma de arrecadar verba. A água que é tratada está sendo fornecida para a cidade de Amparo e, em troca disso, a Prefeitura entra com o pagamento da energia e manutenção dos equipamentos do sistema.

O agricultor Antônio Silva, que mora no assentamento desde a sua fundação, ressalta a importância de hoje ter água tratada saindo da torneira. “Quando nós chegamos aqui bebíamos água do poço e era salgada demais. Antes era um Deus nos acuda! A nossa pele era completamente ressecada e quando a gente bebia a água, que vinha do poço, não matava nossa sede, porque era muito salgada. A gente cozinhava um feijão e ele ficava duro e o arroz ficava preto. Hoje tudo melhorou pra nós. Agora dá pra fazer tudo e com qualidade”, ressaltou.

Programa Água Doce – Na Paraíba, 37 municípios serão contemplados com o Água Doce. O programa tem como principal objetivo levar água de qualidade para o consumo humano, extraindo o excesso de sais existentes nas águas subterrâneas, por meio do sistema de dessalinização.

A meta é construir 93 sistemas de dessalinização beneficiando aproximadamente 50 mil pessoas do Semiárido paraibano. Até o momento, o Governo do Estado já investiu mais de R$ 4 milhões no Água Doce.

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