ALPB concede medalha à ativista Tânia Maria de Sousa
20 de novembro de 2023
Redação

ALPB concede medalha à ativista Tânia Maria de Sousa

A Assembleia Legislativa da Paraíba (ALPB) realizou sessão solene, na tarde desta segunda-feira (20), para outorga da Medalha Sindicalista Margarida Maria Alves à ativista Tânia Maria de Sousa, “pela dedicação em prol do desenvolvimento social e da justiça”. O evento, proposto pelo deputado Chió, aconteceu no plenário “Deputado José Mariz” e reuniu ativistas da luta pelos direitos dos trabalhadores rurais, além de parentes e amigos da homenageada. A deputada Cida ramos secretariou os trabalhos.

Ao justificar a homenagem o deputado Chió destacou, entre outras atividades, a liderança incansável que Tânia Maria de Sousa exerce nas ações da Comissão Pastoral da Terra, um movimento social que foi instituído em um período de tensão e conflitos agrários nas regiões da Paraíba, Alagoas, Rio Grande do Norte e Pernambuco. “A CPT Nordeste 2, sob sua orientação, acompanha atualmente a luta de mais de 300 comunidades camponesas, que representam aproximadamente 13.822 famílias e cerca de 69.110 pessoas em mais de cem municípios”, ressaltou.

“Neste ano, nós estamos completando 40 anos da morte de Margarida Maria Alves. Uma data para a gente fazer uma reflexão, para lembrar de uma mulher lutadora que deu a vida pelos trabalhadores e trabalhadoras do campo. Nada mais coerente do que homenagear outra mulher com a medalha que leva essa denominação, principalmente uma mulher que representa essa luta. E Tânia foi unanimidade na consulta que nós fizemos junto aos movimentos sociais, porque ela tem uma história muito bonita de luta, uma história de dedicação, uma história de companheirismo, uma pessoa que ao mesmo tempo é simples e é forte. Estamos continuando a luta de Margarida, que é dar dignidade aos trabalhadores e trabalhadoras do campo, mas também lutar pela reforma agrária. Isso é um legado que Margarida deixou e que Tânia está continuando”, acrescentou.

O ex-deputado e atual secretário de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento do Semiárido do Estado da Paraíba, Frei Anastácio, destacou o trabalho de Tânia Maria de Sousa na defesa dos trabalhadores rurais sem-terra e dos homens e mulheres do campo em geral. “Primeiro, eu quero parabenizar o deputado Chió pela propositura e a Assembleia Legislativa pela aprovação unânime. Receber uma medalha com o nome de Margarida Maria Alves é de uma importância enorme. Tem uma história. É uma pessoa que, de fato, nesse estado, e também a nível nacional, teve um papel importantíssimo. E Tânia é a pessoa mais indicada para recebê-la. Ela é mais do que merecedora dessa medalha”, observou.

O ativista Rogério Leandro de Oliveira, coordenador da Comissão Pastoral da Terra, destacou a importância da homenagem a Tânia Maria de Sousa, sobretudo porque a medalha tem um significado muita especial por homenagear Margarida Maria Alves, “que, segundo ele, começou esse belo trabalho das mulheres que lutam pelos direitos dos trabalhadores do campo e que hoje é conduzido, com muita competência, com muita luta e com muita responsabilidade por Tânia”. “Ela é muito merecedora dessa homenagem e nós nos sentimos muito orgulhosos por isso”, concluiu.

A deputada Cida Ramos destacou a presença de pessoas, homens e mulheres, com muita representatividade na homenagem a Tânia que, segundo ela, tem muitos significados, “porque ela é muito representativa”. “Todos nós estamos muito felizes e orgulhosos por esta homenagem está sendo feita a Tânia. Aqui nós sentimos isso porque ela é uma homenagem simbólica da resistência e que leva o nome de Margarida Maria Alves. Tânia é alguém que eu aprendi a conhecer; Tânia é alguém de quem eu fui me aproximando e aprendendo. Tânia tem uma firmeza, uma determinação, uma coragem enorme. Tânia é daquelas pessoas que a gente reconhece como companheira imprescindível na luta contra as injustiças sociais, porque o nome dela é coragem”, declarou.

A ativista Tânia Maria de Sousa disse que a sensação de receber a homenagem se torna “mais forte ainda quando a medalha recebe o nome de uma mulher que teve um compromisso com a classe trabalhadora do nosso estado, na defesa dos seus direitos, num tempo onde a mulher não tinha tanta visibilidade e que o povo não tinha reconhecimento dos seus direitos”.

“Para mim, é essa a responsabilidade grande que eu tenho de carregar, e que trago comigo. Fico feliz pelo reconhecimento que esta Casa, através do deputado Chió, tem para com o nosso trabalho na Comissão Pastoral da Terra, que, seguindo os passos de Margarida, defende a causa dos trabalhadores rurais, seja pela terra e seja por direitos gerais como casa, educação, saúde, etc. O direito da mulher, a visibilidade do papel da mulher na sociedade. E nós temos desempenhado esse trabalho com muita maestria. Então, eu me sinto assim, muito honrada de ser reconhecida por esse trabalho que a gente desempenha na Comissão Pastoral da Terra”, acrescentou.

Também prestigiaram o evento, a vereadora Valdirene Rosas, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Rio Tito (PB); a ativistas Rosilda de Fátima Soares, representando a Associação de Assentamento Dona Antônia; Alane Maria, representando o Memorial das Ligas Camponesas; Joseane Souza, representando a Comissão Pastoral da Terra; Dilei Aparecida, representando o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST); e Iara Enéas, representando a Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetag).

PERFIL DA HOMENAGEADA

Tânia Maria de Sousa nasceu na Fazenda Gendiroba, localizada no município de Mari (PB), em 09 de março de 1964. Sua jornada de comprometimento com a educação e a transformação social teve início como professora na Escola Rural Mista de Cipoal, onde lecionou entre os anos de 1981 e 1984. Atuou no campo da alfabetização de trabalhadores canavieiras nos anos de 1985 e 1986. Iniciou sua formação religiosa em Palmeira dos Índios (Alagoas), no período de 1989 a 1991, atestando seu profundo compromisso com valores éticos e espirituais que têm guiado sua jornada.

O marco de sua atuação junto aos frades franciscanos em Alhandra a partir de 1992 e seu engajamento subsequente na Comissão Pastoral da Terra (CPT) em 1993 revelam sua determinação em enfrentar desafios complexos em prol dos direitos humanos e Sociais.

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