Analfabetismo da população quilombola paraibana é de 26,9%
21 de julho de 2024
Redação

Em 2022, na Paraíba, a taxa de alfabetização da população quilombola de 15 anos ou mais de idade foi de 73,13%, o que corresponde a um total de 9.120 pessoas quilombolas desse grupo etário. A taxa paraibana foi a terceira menor do país, acima apenas das registradas em Alagoas (70,2%) e no Piauí (71,3%), além de inferior às médias brasileira (81%) e nordestina (78,4%). As informações constam da publicação Censo Demográfico 2022 – Quilombolas: alfabetização e características dos domicílios, segundo recortes territoriais específicos, divulgada nesta sexta-feira (19).

A pesquisa aponta ainda que, no estado, a taxa de alfabetização dos quilombolas ficou 10,9 pontos percentuais (p.p.) abaixo da taxa estadual para esse grupo de idade, que foi de 84%. Essa diferença é inferior à verificada na média nacional (12 p.p.), mas superior à observada na média regional (7,4 p.p.). Além disso, foi a 5ª diferença mais expressiva do país, menor apenas que as constatadas nos estados de Pernambuco (12,5 p.p.), Ceará (12,3 p.p.), Alagoas (12,1 p.p.) e Piauí (11,5 p.p.).

Por sua vez, a taxa de analfabetismo da população quilombola paraibana foi de 26,9%, bem acima da taxa estadual (16%). Além disso, foi a terceira maior taxa do país para esse contingente populacional específico, menor apenas que as taxas registradas em Alagoas (29,8%) e no Piauí (28,8%), ficando acima das médias brasileira (19%) e nordestina (21,6%). Em meio a um total de 12.471 pessoas quilombolas com 15 anos ou mais de idade residentes no estado, a taxa de analfabetismo paraibana corresponde a 3.351 pessoas quilombolas de 15 anos ou mais de idade que, em 2022, ainda não eram alfabetizadas.

Dessas pessoas, 1.846 (55,1%) eram do sexo masculino e 1.505(44,9%) do sexo feminino, o que mostra que, assim como para a população paraibana em geral, também entre as pessoas quilombolas a condição de pessoa analfabeta era mais comum entre os homens do que entre as mulheres.

A pesquisa também mostra que a taxa de alfabetização dos quilombolas é inversamente proporcional à idade, sendo mais alta entre os mais jovens, os quais têm tido mais acesso à educação do que tiveram os mais idosos. Em 2022, na Paraíba, a taxa de alfabetização entre as pessoas quilombolas com idade acima de 65 anos era de 32,2%, menos do que a metade da taxa estadual (73,1%), o que corresponde a um total de apenas 449 pessoas. Para os grupos etários mais jovens, as taxas eram maiores: de 47,3% entre aqueles que tinham entre 55 e 64 anos; de 60,6%, para o grupo de 45 a 54 anos; de 77,3%, para a faixa de 35 a 44 anos; de 91,4%, para os que tinham entre 25 e 34 anos; de 94,9%, para a população de 20 a 24 anos; e de 96% para os jovens de 15 a 19 anos.

Do mesmo modo que para a população idosa em geral, a elevada taxa de analfabetismo entre as pessoas quilombolas mais velhas é um reflexo da dívida educacional brasileira, marcada pelo atraso no investimento em educação, tanto para a escolarização das crianças, quanto para a garantia de acesso a programas de alfabetização de jovens e adultos por uma parcela das pessoas que não foram alfabetizadas nas idades apropriadas, conforme almejado pela Constituição de 1988.

O Censo 2022 também constatou que, na Paraíba, diferentemente dos cenários brasileiro e nordestino, as taxas de alfabetização são mais elevadas entre as pessoas quilombolas que residem dentro de territórios quilombolas oficialmente delimitados (74,5%), do que entre aquelas cujos domicílios estão localizados fora desses territórios (72,9%). De fato, respectivamente, em 2022, as taxas eram de 80,3% e 81,1%, na média nacional; e de 75,7% e 78,7%, na média regional.

Compartilhe: