Ativismo jovem ocupa Largo de Tambaú
23 de outubro de 2021
Redação

Dentro da programação da Conferência Nordeste Pelo Clima, dezenas de jovens da Paraíba, Rio Grande Norte, Piauí, Ceará, Pernambuco e São Paulo realizaram na tarde desta sexta-feira (22), no Largo de Tambaú, a Greve Pelo Clima.

Realizada pela primeira vez em 2018, a ação é organizada internacionalmente pelo Fridays for Future, movimento estruturado a partir da ativista sueca Greta Thunberg. Em 2019, a Greve se espalhou para 150 países e mobilizou milhões de pessoas na luta contra a catástrofe climática.

Para a jovem Heloíse Almeida, ativista climática em Mossoró (RN), não é por acaso que as mudanças climáticas têm sido uma pauta cada vez mais frequente nos espaços públicos, em nível local e mundial. “Esse já é o maior desafio da nossa geração e nós precisamos agir agora para cumprir com o artigo 225 da Constituição Federal e garantir um meio ambiente ecologicamente equilibrado para as futuras gerações. Não podemos esperar até que os jovens ativistas climáticos de hoje se tornem líderes porque, se não for feito o suficiente, a concentração de CO2 na atmosfera vai ultrapassar o limite viável, e até lá vamos ter perdido calotas polares, 90% dos nossos corais marinhos e a qualidade de vida da população do sertão nordestino”, refletiu a jovem potiguar.

Para a jovem paraibana, Alice Piva, de João Pessoa (PB), a sua geração sente que já nasceu sem perspectiva de futuro. “Aqueles de nós que receberam a educação climática devida entendem muito bem o que estou dizendo. Pensar que veremos o mundo que ainda não conhecemos quanto gostaríamos colapsar, nos deixa profundamente perturbados. Inclusive, o termo ansiedade climática já é usado clinicamente para descrever o que esse espírito tão sombrio do nosso tempo tem provocado às nossas mentes”, ressaltou Alice, acrescentando: “Mas nossa geração tem energia e esperança. Acreditamos que essas mudanças são possíveis”, encorajou a paraibana.

Outra jovem ativista de 24 anos, veio de Fortaleza (CE) para participar da Conferência na Paraíba. Segundo Sarah Lima, o seu estado já aqueceu 2,09 graus em relação à média de 60 anos atrás.

“Acredito que a maioria das pessoas que estão aqui, ainda não consiga sentir na pele algumas das consequências das mudanças climáticas, e isso é apenas mais uma das facetas da crise climática. Assim como todo problema socioambiental derivado do sistema capitalista, a crise climática é injusta e desigual. A população periférica, negra e indígena já sofre com todas essas consequências, apesar de contribuir muito pouco com as emissões de gases de efeito estufa. O nosso objetivo, enquanto juventude, é lutar para que todo mundo tenha um colete salva-vidas e para que a sociedade não chegue em um ponto ainda mais crítico, em que a solução seja sair da Terra”, defendeu a cearense.

De Recife (PE), o jovem biólogo Valdir Moura, aos 24 anos, reflete a situação da sua cidade natal, considerada a capital brasileira mais vulnerável às mudanças climáticas. “Os dados do último relatório do painel intergovernamental sobre mudanças climáticas, alertam que a região Nordeste do Brasil será uma das mais afetadas por eventos climáticos extremos. O povo nordestino já conhece na pele os efeitos de secas e enchentes, há décadas convivemos com esses eventos, no entanto eles podem se tornar ainda mais prejudiciais com o aumento progressivo da temperatura global. Se nós não nos unirmos para combater a crise climática, não haverá outras crises para combater, pois esta pode ser a última da humanidade”, alertou o pernambucano.

A Greve Pelo Clima teve início às 16h, com oficinas de cartazes e mobilizou segmentos da sociedade civil, o grupo de mulheres do Maracatu ‘Baque Mulher JP’, e contou com a presença do deputado estadual Chió (Rede/PB).

Neste Sábado (23), a Conferência Nordeste Pelo Clima segue em João Pessoa, com painéis abertos ao público no Espaço Cultural.

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