O brasileiro está cada vez mais conectado, mas vem substituindo os tradicionais computadores pelos práticos celulares, apontam os números da Pesquisa sobre o Uso das Tecnologias de Informação e Comunicação nos Domicílios Brasileiros — TIC Domicílios 2016, divulgada nesta terça-feira pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br). No ano passado, o Brasil tinha 107,9 milhões de internautas, 61% da população, sendo que 94% deles fizeram uso dos smartphones para acessar a rede.
Os números mostram que 51% dos usuários de internet brasileiros acessaram a rede usando tanto o computador como o celular, queda de cinco pontos percentuais em relação ao mesmo estudo realizado há dois anos; e 43% acessaram apenas pelo smartphone, contra 20% em 2014. Apenas 6% dos internautas usam apenas o computador, contra percentual de 24% dois anos atrás.
Segundo o coordenador da pesquisa, Winston Oyadomari, um outro dado ajuda a compreender a preferência do brasileiro pelo celular. Dos internautas que usaram smartphones nos três meses anteriores às entrevistas, 86% fizeram uso de redes Wi-Fi, contra 70% que usaram pacotes de dados de operadoras. E 25% disseram usar apenas o Wi-Fi.
— Os celulares têm diversas aplicações disponíveis e o custo é diferente: o internauta pode escolher um plano pré-pago, fazer cargas semanais ou diárias. E até não pagar nada, usando o Wi-Fi — comentou Oyadomari. — A opção do celular é mais viável, mas isso não quer dizer que o computador tenha perdido relevância. O que a gente percebe é que o brasileiro está muito conectado pelo celular pelo custo e pela mobilidade, mas existem funções em que o computador é essencial.
O preço, aliás, continua sendo o principal fator apontado pelos brasileiros como impedimento para o acesso à rede. No país, 36,7 milhões dos domicílios possuem conexão à internet, o que representa 54% dos lares. Por outro lado, 46% continuam offline, sobretudo entre as classes D e E e zonas rurais. Quando questionados sobre a principal causa para não possuírem acesso à rede, os moradores desconectados apontam o preço (26%), falta de interesse (18%) e falta de necessidade (8%).
E entre os conectados, as respostas sobre os preços pagos pelo acesso à rede sugerem o custo elevado. Três em cada dez residências gastam mais de R$ 80 mensais com internet, e, na outra ponta, duas em cada dez pagam até R$ 40.
— O brasileiro busca se manter conectado, mas ao mesmo tempo busca evitar ou minimizar os custos — disse Oyadomari. — O preço ainda é uma barreira.
E como os pacotes de dados 3G e 4G têm arranjos que os tornam mais em conta, cresce o número de residências com acesso à internet, mas sem computador. Em 2014 eram apenas 7% dos lares conectados, e no ano passado, 14%. Outra estratégia utilizada pelos brasileiros é ter o acesso compartilhado com vizinhos, presente em 18% das residências.
— Esse comportamento é mais comum em domicílios de menor renda, nas zonas rurais e na região Nordeste — aponta o coordenador da pesquisa. — É uma estratégia dos usuários para dividir a conta. Dois ou mais domicílios acessam a rede pela mesma senha, mas pagam por só uma conexão
Jornalista, radialista e advogado, formado na UFPB, Hermes de Luna tem passagens nos principais veículos de comunicação da Paraíba. É MBA em Marketing Estratégico e em mídias digitais. Apresentador e editor de TV e rádio, também atuou na editoria de portais e sites do estado. Ganhador de vários prêmios de jornalismo, na Paraíba e no Brasil.