Mesmo em um contexto político no qual grandes empresas de tecnologia contam com o respaldo de figuras como Donald Trump, a população brasileira demonstra apoio significativo à regulamentação das chamadas “Big Techs”. Uma pesquisa do Instituto Locomotiva, em parceria com a QuestionPro, mostra que 78% dos brasileiros defendem que essas empresas sejam legalmente responsabilizadas pelo conteúdo publicado em suas plataformas.

O levantamento, realizado em agosto com 1.500 entrevistados em todo o país, revela nuances importantes por perfil político: entre eleitores de esquerda, o apoio à regulação chega a 82%, enquanto entre eleitores de direita, cai para 68%. Além disso, 86% dos participantes acreditam que as plataformas digitais devem ter um papel ativo no combate às fake news, evidenciando uma expectativa crescente de responsabilidade social por parte dessas empresas.

Os dados do Instituto Locomotiva mostram que a sociedade brasileira está cada vez mais preparada para discutir a regulação digital. O levantamento evidencia que a população deseja, ao mesmo tempo, preservar a liberdade de expressão e garantir que as plataformas assumam responsabilidade pelos conteúdos que hospedam, revelando um amadurecimento no debate público sobre o equilíbrio entre direitos individuais e deveres das empresas de tecnologia.

Eduarda Camargo, Chief of Growth Officer daPortão 3 (P3), reforça essa percepção: “Esses números mostram que os brasileiros não rejeitam a tecnologia nem a liberdade online, mas exigem mecanismos claros de transparência e prestação de contas. Há uma demanda por sistemas que combinem inovação com proteção do usuário, garantindo informação confiável e evitando abusos”.

A pesquisa expõe um ponto crítico: enquanto o mercado digital avança rapidamente, a sociedade busca assegurar que o crescimento tecnológico não comprometa direitos, segurança e integridade da informação. Para especialistas, a pressão por regulamentação não é apenas ideológica, mas uma resposta concreta a comportamentos das plataformas que afetam diretamente a vida cotidiana dos usuários.