Candidatos de oposição pedem tropas federais para eleições em João Pessoa
11 de setembro de 2024
Redação

Durante uma coletiva de imprensa realizada nesta quarta-feira (11), os candidatos a prefeito de João Pessoa, Luciano Cartaxo (PT), Marcelo Queiroga (PL) e Ruy Carneiro (Podemos), denunciaram uma possível relação de agentes públicos com o crime organizado, revelada pela Operação Território Livre da Polícia Federal. Segundo os candidatos, essa ligação estaria ameaçando o processo eleitoral, com candidatos e moradores de diversos bairros sendo intimidados, o que comprometeria o resultado das eleições. Eles solicitaram ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE) a presença de tropas federais durante o pleito e a quebra de sigilo das investigações.

Luciano Cartaxo destacou a gravidade da situação, afirmando que a segurança das famílias nas comunidades está sendo prejudicada pela violência. Segundo ele, o crime organizado estaria interferindo diretamente nas eleições, intimidando eleitores e candidatos. “Estamos preocupados com as famílias das comunidades que hoje têm medo de receber candidatos em suas casas e de exercer o direito de voto”, afirmou Cartaxo, enfatizando a necessidade de eleições livres e justas.

Marcelo Queiroga foi enfático ao dizer que facções criminosas controlam diversos bairros da cidade e que agora estariam interferindo na política local, indicando funcionários para cargos públicos. Ele ressaltou a importância de garantir a democracia e sugeriu que a Justiça investigue as possíveis ligações entre políticos e o tráfico. “A quebra do sigilo das investigações é essencial para que a população saiba quem está de mãos dadas com o crime”, afirmou o candidato.

Ruy Carneiro, por sua vez, alertou para o impacto da violência política nas comunidades, especialmente para as pessoas de bem que, segundo ele, são as principais vítimas. Ele criticou a influência do medo sobre o processo eleitoral e defendeu a presença de tropas federais para garantir a segurança dos eleitores. “As eleições já estão manchadas antes mesmo de acontecerem, e precisamos lutar contra essa realidade”, disse.

Após a coletiva, os três candidatos protocolaram o pedido de tropas federais no TRE, buscando assegurar um ambiente seguro e livre de interferências para a votação.

Resposta do prefeito Cícero Lucena

O atual prefeito e candidato à reeleição, Cícero Lucena (Progressistas), respondeu às denúncias feitas por seus adversários. Lucena afirmou que respeitará qualquer decisão do TRE sobre o uso de tropas federais, destacando a importância da autonomia do órgão. No entanto, ele lamentou que seus concorrentes tenham optado por, segundo ele, macular sua imagem e a da cidade de João Pessoa.

“Mais uma vez, nossos adversários tentam manchar minha imagem e a da nossa cidade, que sempre foi pacífica e ordeira. João Pessoa merece respeito, e nosso povo sempre teve eleições tranquilas. A Justiça Eleitoral é quem tem competência para decidir sobre tropas, e eu respeito essa autonomia”, declarou o prefeito, reiterando seu compromisso com eleições limpas e transparentes.

Cícero também informou que sua gestão já garantiu o transporte gratuito para os eleitores no dia da eleição, visando assegurar que todos possam exercer seu direito ao voto de forma livre e independente.

Manifestação da vereadora Raíssa Lacerda

A vereadora Raíssa Lacerda (PSB), que foi alvo da Operação Território Livre, também se manifestou. Segundo a Polícia Federal, a operação investiga crimes eleitorais, incluindo a atuação de facções criminosas no bairro São José. Raíssa se defendeu das acusações, afirmando ser vítima de perseguição política e difamação devido ao seu crescimento nas pesquisas.

Visivelmente indignada, a vereadora declarou que não consegue transitar livremente pelo bairro São José, onde, segundo ela, moradores são impedidos de demonstrar apoio à sua candidatura. Raíssa também contestou a operação da Polícia Federal, afirmando que dois de seus supostos apoiadores mencionados na investigação seriam, na verdade, eleitores de outro vereador.

“Estou sendo vítima de perseguição política. Isso tudo tem a ver com o meu desempenho nas pesquisas. Vou recorrer à Justiça Eleitoral para que isso seja esclarecido”, disse a vereadora.

A Operação Território Livre e a denúncia de uma possível ligação entre a Prefeitura de João Pessoa e o crime organizado adicionam um novo capítulo às tensões que cercam as eleições municipais, levantando questionamentos sobre a integridade do processo eleitoral na capital paraibana.

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