Dia Mundial dos Refugiados, atenção para venezuelanos
20 de junho de 2020
Redação

Nesta data (20 de junho) é celebrado o Dia Mundial dos Refugiados, uma data para conscientizar a todos sobre a situação dessas milhares de pessoas que buscam em outros países um recomeço para suas vidas. A data também lembra como, na maior parte dos casos, elas precisam enfrentar preconceitos e dificuldades para se estabelecerem. O apoio de instituições que auxiliem nessa transição é fundamental para a adaptação dos imigrantes. Brasil tem o maior número de refugiados venezuelanos reconhecidos na América Latina. Desde 2017, o país já recebeu mais de 250 mil pessoas vindas da Venezuela e foram concedidos 123.507 vistos temporários de refúgio e residência, segundo dados do Governo Federal, informados na Plataforma de Coordenação para refugiados e migrantes da Venezuela – R4V, em novembro de 2019.

A falta de estrutura para comportar tamanho contingente criou graves problemas na região de fronteira, especialmente em Roraima. Diante da calamidade social, diversas entidades se uniram ao Governo Federal e a Organização das Nações Unidas (ONU) para dar suporte na recepção dos venezuelanos.

A Aldeias Infantis SOS Brasil foi uma dessas parceiras. A unidade aqui na Paraíba hoje atende 56 venezuelanos. Em conjunto com o Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) desde 2018, a organização desenvolve, por meio de seu Programa de Emergência, o Brasil Sem Fronteiras. O projeto foca, principalmente, no acolhimento e assistência às famílias venezuelanas com crianças e adolescentes, famílias monoparentais – principalmente chefiadas por mulheres – e mulheres sozinhas.

Atualmente, a Aldeias Infantis presta assistência para mais de 70 famílias, somando 260 pessoas. Em dois anos de parceria, o programa já atendeu mais de 2 mil pessoas. As operações de interiorização também precisaram ser reestruturadas para evitar que pessoas vindas de outras regiões transmitissem o vírus àqueles que já estavam em quarentena. Diante dessa problemática, a Aldeias Infantis montou estruturas para que, todos que chegassem, pudessem passar um período em observação para evitar a disseminação da doença.

A situação tem um outro lado mais complicado para o poder público assistir. Pelas ruas das maiores cidades é fácil encontrar refugiados venezuelanos que chegaram de forma clandestina ao Brasil, saíram de estado em estado, até se alojarem em determinadas periferias. Em João Pessoa, o poder público estima que em torno de 200 venezuelanos, na grande maioria indígenas da etnia warao, estejam pelas ruas, estacionados próximos aos sinais de trânsito, pedindo ajuda financeira aos motoristas.

Durante o período de pandemia do novo coronavírus, a Prefeitura de João Pessoa disse ter intensificado o monitoramento feito pela Secretaria Municipal de Saúde, junto com a oferta de cestas nutricionais e o pagamento de auxílio-aluguel para parte dos imigrantes. No mês passado,  69 venezuelanos foram testados para a COVID-19. Desses, 59 testaram positivo, 10 negativo e outros dois se negaram a realizar o exame para comprovação da doença.

Na Aldeias Infantis, após a acolhida, é feito um diagnóstico inicial de todas as famílias, identificando as competências e habilidades de cada membro. Em seguida, inicia um trabalho de desenvolvimento individual e familiar, por meio de projetos de educação, saúde, cultura, empregabilidade e geração de renda.

Além de prover a moradia, a organização também auxilia na inserção dos venezuelanos nos serviços públicos dos estados e municípios, como programas de desenvolvimento social, encaminhamento das crianças e adolescentes para as escolas, cursos de capacitação profissional e dá toda a atenção necessária para as famílias atingirem a independência e autonomia.

Normalmente, esse processo de acolhimento acontece em três meses. Com a nova realidade, esse prazo foi estendido, e cada família passa por uma avaliação criteriosa para garantir que tenham o tempo necessário para conquistar sua autonomia sem correr riscos.

Com o apoio da ACNUR, a instituição mantém centros de acolhida em nove estados: São Paulo (São Paulo), Rio de Janeiro (Rio de Janeiro), Distrito Federal (Brasília), Pernambuco (Igarassu), Paraíba (João Pessoa), Rio Grande do Norte (Caicó), Rio Grande do Sul (Porto Alegre), Paraná (Goioerê) e Minas Gerais (Juiz de Fora).

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