Documentário mostra história da Comunidade Quilombola do Grilo
9 de fevereiro de 2024
Redação

Um curta-metragem com 20 minutos de duração conta um pouco da história da Comunidade Quilombola do Grilo, nos municípios de Riachão do Bacamarte e Caldas Brandão, na região do Agreste paraibano. O documentário “O caminho do grilo” foi produzido em dezembro de 2023 durante uma oficina de produção audiovisual promovida pela Associação de Juventudes, Cultura e Cidadania (AJURCC) no 1º Festival Conecta Juventudes.

Além das histórias contadas por lideranças da comunidade, o vídeo, que teve direção do jornalista paraibano de Catolé do Rocha Hipólito de Souza Lucena, conta sobre o início do processo de regularização do território da comunidade quilombola pelo Incra na Paraíba (Incra/PB).

A antropóloga Fernanda Lucchesi, do Serviço de Regularização de Comunidades Quilombolas do Incra/PB, explicou que o processo de regularização do território da Comunidade Quilombola do Grilo já se encontra na fase final. Segundo ela, para que o Incra emita o título definitivo coletivo e pró indiviso em nome da associação que legalmente representa a comunidade quilombola é necessário que as ações judiciais de desapropriação de imóveis inseridos no território sejam transitadas em julgado.

O curta-metragem registra fatos pitorescos da comunidade, como a história do alargamento da trilha que dava acesso à comunidade por uma de suas lideranças, Leonilda Coelho Tenório dos Santos, mais conhecida como “Paquinha”. Ela contou que, décadas atrás, quebrou a marretadas as pedras de um morro que dificultavam a passagem até de animais de carga, como burros, e mantinha a comunidade isolada. “Foi um trabalho muito cansativo. E a gente da comunidade sem dinheiro, sem nada”, contou Paquinha.

O documentário pode ser assistido no canal do Ypuarana Cultural no Youtube, no endereço https://www.youtube.com/watch?v=XjiE6yTKNHM

Comunidade do Grilo

De acordo com depoimentos dos moradores do Grilo transcritos no Relatório Técnico de Identificação e Delimitação (RTID) que integra o processo de regularização do território da comunidade quilombola pelo Incra/PB, o grupo se originou quando as terras da comunidade quilombola vizinha, Pedra D’Água, tornaram-se insuficientes para sustentar todas as famílias. Então descendentes se estabeleceram em terras dos arredores, constituindo as comunidades quilombolas do Grilo, do Matias e do Matão.

O RTID registra várias características e tradições da comunidade, como a organização em torno dos laços de parentesco, a priorização dos casamentos endogâmicos, as memórias de festa e trabalho constituídas pela lida no roçado próprio ou como mão de obra alugada, a confecção de louça de barro e do labirinto, as festas de São João e as celebrações animadas pelo coco de roda, pela ciranda e pelo samba.

Quilombolas na Paraíba

Na Paraíba, há 47 comunidades reconhecidas como quilombolas, sendo 43 certificadas pela Fundação Cultural Palmares (FCP). São 34 processos abertos no Incra para regularização fundiária destes territórios, 11 Relatórios Técnicos de Identificação e Delimitação (RTID) publicados, oito Portarias de Reconhecimento, seis Decretos de Desapropriação e cinco comunidades imitidas na posse.

Oficinas de audiovisual da AJURCC

A AJURCC está promovendo oficinas de audiovisual em diferentes territórios de juventude da Paraíba. Para isso, foram convidados produtores de audiovisual para construírem curtas em diferentes comunidades quilombolas, indígenas e periféricas de vários municípios paraibanos. O objetivo da associação é, além de fortalecer a participação social, a formação cultural e a inclusão digital desses jovens, transformar em narrativas visuais a vivência desses sujeitos a partir dos princípios educomunicativos.

Além do documentário sobre a Comunidade Quilombola do Grilo, estão sendo produzidos outros quatro curtas-metragens de até 20 minutos por jovens na Comunidade Quilombola Caiana dos Crioulos, em Alagoa Grande, Santa Rosa, em Boa Vista, e ainda na periferia de Campina Grande e com jovens assentados do município de Cabaceiras.

O Festival conta com o patrocínio do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br) e do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br) e com o apoio da prefeitura de Cabaceiras, do Governo da Paraíba, da Associação para a Promoção da Infância Carente do Mundo Empobrecido (Apibimi) e da Associação Nacional para Inclusão Digital (Anid).

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