Em direito de resposta, MNCG repudia mandato de Jô Oliveira
19 de maio de 2024
Redação

Representantes do Movimento Negro de Campina Grande responderam às críticas da vereadora do PC do BB, Jô Oliveira. O Movimento diz que gostaria de esclarecer que não houve nenhum ataque contra a Vereadora Jô Oliveira. “Na verdade, a nota que o MNCG fez foi apenas uma cobrança justa e democrática junto ao mandato dela, o qual não teve respeito com o MNCG na questão de colocar o Agosto Negro no calendário de eventos da Prefeitura de nossa cidade”.

Na nota e nesse artigo enviado ao blog, o MNCG diz que fica mais clara a sua posição :

Dos Insultos do PCdoB da Paraíba à Nota Mentirosa da Rede de Mulheres Negras do Nordeste: Ninguém Vai Calar o MNCG!


É absolutamente repugnante os ataques politicamente criminosos e levianos desse partido, o qual escreveu uma nota usando termos que não são dignos e próprios para uma agremiação de esquerda com a tradição de luta por justiça social e democracia no Brasil. A nota de desagravo feita em apoio ao mandato da Vereadora Jô Oliveira traz insinuações mentirosas para desqualificar minha militância e agredir de forma gratuita toda uma história de mais de 37 anos do Movimento Negro de Campina Grande do qual faço parte há 32 anos.

É claro que essa violência política merece uma resposta dura e categórica porque não vamos admitir que a trajetória que construímos no campo popular, democrático e de esquerda seja vilipendiada e insultada da forma como querem algumas pessoas e instituições interessadas em esconder os erros e falta de coerência política dessa parlamentar que vem tratando com descaso, desprezo e indiferença o Projeto de Lei que construímos com seu mandato em 2021 para colocar o Seminário Agosto Para Igualdade Racial no calendário de eventos da Prefeitura.
Sabemos quem induziu a Rede de Mulheres Negras do Nordeste a fazer um ataque injusto e mentiroso contra nossa militância, já que essa entidade sem nos ouvir para saber o que realmente aconteceu preferiu emitir uma nota totalmente leviana e irresponsável através de suas redes sociais para dizer que estamos cometendo “violência política” contra o mandato da Vereadora Jô Oliveira.

Violência política é o que vocês estão fazendo contra o MNCG deturpando as reivindicações justas de uma nota que construímos para que essa Vereadora cumpra com o que acertamos em reunião. Nesse sentido, é obrigação nossa cobrar coerência e respeito com as pautas do Movimento Negro de Campina Grande junto ao mandato dessa integrante do PCdoB porque temos clareza de que é função básica de qualquer movimento afro-brasileiro agir dessa forma. Se a Rede de Mulheres Negras do Nordeste não respeita os objetivos dessa luta e não quer debater a verdade dos fatos. O problema é de vocês. Nós é que sabemos o sofrimento que estamos passando com o descaso de quem deveria nos respeitar e não atuar com arrogância e de forma antidemocrática diante de um projeto que chegou a ser arquivado por ordem da Vereadora. Só desarquivou porque pressionamos seu mandato a corrigir esse erro. Ou porque acreditava que se aceitássemos a homenagem que o mandato dela queria me oferecer no ano passado botaria o projeto para votação, como se a minha militância pudesse ser usada possivelmente como moeda política de troca nesse jogo.


Preferimos nesse campo político jogar limpo e acreditamos que temos esse direito de reivindicar que o projeto vá para votação, apesar da Rede de Mulheres Negras do Nordeste ter entrado nessa história para nos acusar de algo que nunca aconteceu. Não conseguirão nos calar porque essa entidade do feminismo negro foi usada para encobrir o verdadeiro debate que estamos construindo em Campina Grande, ou seja, denunciar para a sociedade a falta de compromisso dessa parlamentar com o fortalecimento do Agosto Negro que há doze anos vêm lutando em condições adversas sem o devido apoio da Prefeitura, governo estadual e que precisa virar política pública para que possamos enfrentar o racismo estrutural com o apoio que merecemos ter por parte dos governantes como recomenda o Estatuto da Igualdade Racial e Plano Estadual de Promoção da Igualdade Racial.

Não reconhecer a legitimidade dessa reivindicação como essas notas absurdas e inaceitáveis apontam só aumenta as dificuldades impostas pelo racismo estrutural e ainda contribui para destruir esse projeto que construímos para ter o Agosto Negro no calendário de eventos da nossa cidade. Tenham ética e venham conversar conosco para não saírem por aí maculando quem vive do lado de um Brasil livre das desigualdades raciais e pelo fim de qualquer forma de opressão contra as mulheres negras.

Também repudiamos essa tentativa deplorável e politicamente criminosa de um certo movimento feminista da nossa cidade ou de qualquer outra instituição em querer associar as críticas que divulgamos contra o mandato dessa Vereadora ao “machismo e misoginia”. Sendo assim, desafiamos para um debate público essas entidades que usam da má-fé e tentam inutilmente construir uma falsa narrativa para desvirtuar a nota do Movimento Negro de Campina Grande. Não temos medo do embate político com ninguém! Chamar quem escreveu essa nota inescrupulosa do PCdoB para provar que estamos a serviço de alguma oligarquia é dever ético nosso, uma vez que não aceitaremos mentiras abjetas que hoje circulam em vários blogs e sites maculando a nossa digna trajetória e histórica luta contra o racismo.

Quem entende de fazer política visando apoiar as oligarquias racistas, machistas e homofóbicas historicamente na Paraíba é esse partido de esquerda que andou de mãos dadas com os ex-Governadores José Targino Maranhão e Cássio Cunha Lima em várias eleições municipais e estaduais.

Logo se existe alguma dignidade política em quem fez essa narrativa para aviltar nossa atuação enquanto militante do MNCG, pedimos que tragam as provas para que possamos desmoralizar politicamente e publicamente quem age de maneira degradante para acobertar as omissões e incoerências políticas do mandato dessa Vereadora do PCdoB, que adora esconder da sociedade que fomos nós do Movimento Negro de Campina Grande que ajudamos a criar a Medalha Arnaldo França Xavier. A quem interessa espalhar tantas inverdades e calúnias contra nossa militância?

Não queiram distorcer o conteúdo da nossa nota para chamar atenção do povo paraibano sobre uma pauta que nos custa muito caro, visto que esse Seminário é um movimento de luta contra o genocídio da juventude negra e pela implementação das Leis 10.639\03 e 11.645\08 nas escolas, universidades e comunidades quilombolas. Não querer que esse aquilombamento pedagógico criado pela minha militância em 2012 seja empoderado com sua inserção no calendário de eventos da Prefeitura é ficar do lado do racismo estrutural e ainda compactuar com os altos índices de letalidade de jovens negros das favelas e periferias de Campina Grande. Com certeza, o PCdoB não quer juntamente com a Vereadora Jô Oliveira que tentou me homenagear no ano passado, mas não aceitei por entender que essa parlamentar revelou não ter respeito pela história de combate às desigualdades raciais que construímos a partir do Agosto Negro.

Entendemos, perfeitamente, a retaliação que minha militância vem enfrentando porque tenho uma postura digna nesse movimento negro que me faz caminhar de cabeça erguida sem dever nenhum favor político aos partidos de direita e esquerda. Acreditamos que seja esse meu comportamento com autonomia intelectual que incomoda por não deixar o Seminário Agosto Para Igualdade Racial virar palanque para ninguém, muitos menos para essa Vereadora que agora anda por aí atacando minha luta antirracista com inverdades, esquecendo que ajudei seu mandato a ser hoje mais inclusivo e comprometido com as lutas por igualdade racial. Não foi por acaso, que realizei em parceria com seu gabinete uma audiência pública em 2021 trazendo grandes nomes do Movimento Negro Brasileiro como os professores Sílvio Humberto e Ivanir dos Santos, inclusive, foi nessa audiência que surgiu através do professor Ivanir dos Santos da UFRJ a ideia de se criar a Medalha Arnaldo França Xavier para homenagear pessoas e instituições que lutam contra a discriminação racial e pela valorização da cultura negra em nosso município.

Por que a Vereadora Jô Oliveira nunca fala dessa história?

Queremos que o PCdoB da Paraíba diga o nome da pessoa do MNCG que usa do machismo, racismo ou misoginia para “manchar a honra de uma mulher negra” como afirma essa nota criminosa e mentirosa. O AGPIR é um espaço de empoderamento das mulheres negras acadêmicas e intelectuais do Movimento Negro Brasileiro ao longo de doze anos de resistência e quem desconhece essa verdade o faz para encobrir seus interesses políticos escabrosos e indecentes.

Quem conhece respeita nosso trabalho forte e verdadeiro em defesa da raça negra e saberá que temos feito um esforço político e social gigantesco para levar essa pauta sobre desigualdades de gênero e combate ao racismo estrutural junto ao Ministério Público, OAB, Câmara Municipal de Vereadores, escolas públicas, universidades e meios de comunicação com muita seriedade e compromisso. O Partido Comunista do Brasil que fez acusações infundadas pensando que pode destruir minha militância nunca foi nesses espaços apoiar nossas ações por uma sociedade justa e igualitária, assim como ignorou a Marcha Nacional e Internacional Contra o Genocídio do Povo Negro de 2014. É comum ninguém do PCdoB participar de qualquer atividade do Movimento Negro de Campina Grande e quem escreveu essa nota. No mais, quando realizamos nas escolas e universidades o Agosto Negro não achamos integrantes desse partido para debater as profundas desigualdades raciais. Como o PCdoB pode dizer que somos uma “instituição inexistente e agrupamento fantasioso” nessa nota criminosa?


No ano que vem faremos mais uma edição do Seminário Agosto Para Igualdade Racial e esperamos a presença de quem fez esse insulto contra nossa militância para dizer quem são os “feitores da Casa Grande” e “cidadão do suposto Movimento Negro de Campina Grande”. O termo “feitores” escrito pelas mãos pouco higiênicas de quem não tem a menor capacidade moral e política de debater em alto nível o desprezo que o PCdoB sempre deu para as lutas antirracistas do MNCG, apenas revela o nível execrável dessa nota indecorosa.

Agimos como Mandela e Luther King porque sabemos lutar com dignidade e absoluta seriedade e responsabilidade por uma sociedade justa racialmente e livre do racismo sistêmico. Portanto, tenham a certeza que não será esse discurso sem qualquer credibilidade e altamente imoral que vai nos tirar do caminho que consideramos correto nessa luta pela promoção da igualdade racial.

Construímos nossa trajetória há 32 anos nas ruas com abnegação e tendo que combater inverdades e calúnias, muitas vezes, por parte de pessoas e instituições que nunca fizeram nada para garantir o direito à vida da juventude negra das periferias e favelas de nossa cidade. Mesmo diante das perseguições, vamos continuar cobrando ética, respeito e civilidade conosco, uma vez que não somos marionetes de governantes como muitos são no campo da esquerda e no meio de entidades do ativismo negro paraibano.


Lamentamos, diante desse contexto, a postura ridícula e inaceitável da Marcha da Negritude Unificada da Paraíba que sem ouvir nossa militância vem usando seu Instagram para desconstruir a nota do MNCG como se tivesse moral e alguma autoridade intelectual para fazer isso. Deveria respeitar nosso posicionamento político e não fazer deturpações contra as críticas que fizemos ao mandato da Vereadora que insiste em desprezar o Agosto Negro.

Perderam tempo e energias quando poderiam usar sua força política para cobrar a efetivação do Plano Estadual de Promoção da Igualdade Racial do Governador João Azevêdo e cobrar da governança do PSB na Paraíba as políticas públicas de enfrentamento ao genocídio da juventude negra que esse Governador prometeu em campanha.

Repudiamos, portanto, o comportamento irresponsável dessa marcha, tendo em vista que o texto que essa entidade publicou em sua rede social vem carregado de inverdades para esconder a real motivação dessa luta que construímos para não deixar cair no esquecimento o Projeto de Lei que elaboramos em parceria com o mandato da Vereadora Jô Oliveira do PCdoB. Por que tantos ataques mentirosos contra o MNCG?

Aconselhamos a esses(as) detratores(as) da nossa luta antirracista que ao invés de atacarem o MNCG com seus insultos e mentiras para que peguem o Plano Estadual de Promoção da Igualdade Racial e passem a reivindicar do Governo João Azevêdo sua real implementação na vida do povo negro paraibano e da juventude negra que vive sofrendo e abandonada socialmente nas favelas e periferias. Depois leiam o Estatuto da Igualdade Racial no artigo que recomenda ao Estado investir na cidadania da juventude negra e comecem a cobrar o cumprimento do plano de governo de João Azevêdo que prometeu em campanha eleitoral combater o genocídio de jovens negros, mas que até hoje não fez nenhuma política pública para evitar os altos índices de letalidade de jovens negros. O caso do assassinato de Matheus Gomes Jacinto por parte de uma guarnição da PM no bairro do Pedregal, revela a existência de um racismo institucional extremamente perverso e fortíssimo no governo do PSB.


São questões raciais como essas que o PCdoB da Paraíba deveria se preocupar e não divulgar falsas narrativas para destruir toda uma trajetória social de um movimento negro que sempre lutou por equidade racial e igualdade de direitos para essa juventude negra que sempre foi a maior vítima da violência policial. Por fim, façam um artigo como minha militância fez recentemente cobrando do Presidente Lula a indicação de mulheres negras para a PGR, STF e STJ, uma vez que enquanto vocês insistem em me agredir e insultar com palavras tiradas do vocabulário dos criminosos(as) escravistas da época colonial a governança petista da qual esse partido faz parte indicou um homem branco chamado Paulo Gonet para a PGR e o atual Ministro da Justiça Flávio Dino para o Supremo Tribunal Federal, reforçando claramente as desigualdades raciais e injustiças sociais contra as mulheres negras que nunca tiveram oportunidade e direito de ocuparem esses espaços de poder no Estado brasileiro porque Lula e Dilma nunca quiseram. Quando é que vocês farão uma nota repudiando o governo Lula por nunca ter indicado uma mulher negra para o STF?

Autor: Jair Silva Ferreira-Historiador, Militante do Movimento Negro de Campina Grande, Idealizador e Coordenador do Seminário Agosto Para Igualdade Racial ( Agosto Negro da Paraíba).

Em outra nota, o Movimento repudia o mandato da vereadora do PC do B em CG. Confira:

Movimento Negro de Campina Grande
Nota de Repúdio Contra o Mandato da Vereadora Jô Oliveira do PCdoB.


Durante sua campanha para Vereadora usou a pauta antirracista do Movimento Negro Brasileiro para
pedir votos e, assim, acabou conquistando um mandato dizendo que seria a voz em defesa dos oprimidos e
da promoção da igualdade racial na Câmara Municipal de Vereadores de Campina Grande. Infelizmente, nós
do MNCG, estamos esperando que esse seu discurso seja posto em prática com relação ao fortalecimento
do Seminário Agosto Para Igualdade Racial que completou 12 anos de luta contra o racismo estrutural nas
escolas públicas, comunidades quilombolas e universidades, mas que nunca mereceu por parte dos poderes
públicos apoio financeiro e essa falta de suporte vem inviabilizando a realização do Agosto Negro que na
edição desse ano precisou fazer uma campanha no Programa Diversidade da Rede Ita e Hora do Povo da TV
Borborema.
Mesmo sabendo dessas dificuldades que passamos para organizar o Agosto Negro, lamentavelmente,
seu mandato omisso e covarde nunca subiu à tribuna da “Casa de Félix Araújo” para solicitar apoio da
Prefeitura e governo estadual no sentido de garantir a construção desse Seminário comprometido com a luta
contra o genocídio da juventude negra e implementação das Leis 10.639\03 e 11.645\08 no currículo escolar
da Rede Estadual de Ensino. Como se não bastasse todo esse descaso com as bandeiras do Movimento Negro,
notamos seu comportamento político inadequado, vergonhoso e inaceitável para uma Vereadora que usa suas
redes sociais para dizer que é antirracista e, ao mesmo tempo, trata com total indiferença e desprezo um
projeto de lei que construímos em 2021 com seu gabinete para colocar o Seminário Agosto Para Igualdade
Racial no calendário de eventos do município. Depois de dois anos esse projeto nunca foi para votação.
Pasmem!
Não foi porque lhe falta espírito público e vontade política para esse projeto ser votado e quem sabe
aprovado para que possamos descolonizar essa cidade tão racista e desumana para população negra das
favelas e periferias. Também é triste sabermos que sua atuação como representante do povo não faça o devido
reconhecimento público do importante papel que nossa militância teve na criação da Medalha Arnaldo França
Xavier, ajudando seu mandato a ser mais inclusivo e compromissado com a luta pela superação das
desigualdades raciais. Portanto, vamos continuar pressionando e denunciando na imprensa a sua falta de
compromisso com as demandas do MNCG para que seu discurso seja realmente coerente, ético e respeitoso
com a nossa trajetória, pois não podemos admitir que essa justa reivindicação feita em reunião com a
parlamentar do PCdoB caia no esquecimento.
“Não há vitória quando a luta não é justa.” ( Ilê Aiyê)

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