Os 100 anos da líder camponesa paraibana Elizabeth Teixeira, militante das Ligas Camponesas no município de Sapé, na região da Zona da Mata, serão celebrados esta semana. Autoridades nacionais, estaduais e locais, além de representantes de organizações e movimentos sociais do campo e da cidade, estarão presentes no “Festival da Memória Camponesa”, que será realizado de quinta-feira (13) a sábado (15) no Memorial das Ligas e Lutas Camponesas, instalado na casa onde Elizabeth viveu com sua família, na Comunidade de Barra de Antas, na zona rural de Sapé. O Incra é um dos parceiros na realização do festival.
Elizabeth Teixeira era casada com João Pedro Teixeira, uma das principais lideranças das Ligas Camponesas de Sapé, organização criada nos anos 1950 para defender os direitos dos trabalhadores do campo. Em 1962, com o assassinato de João Pedro em uma emboscada, a mando de grupos contrários à luta camponesa, Elizabeth assumiu a liderança do movimento e entrou para a história como uma das maiores líderes camponesas do Brasil.
O “Festival da Memória Camponesa” terá três dias de extensa programação cultural e política. O primeiro dia do festival, quinta-feira (13), será restrito a Elizabeth Teixeira e seus familiares. A agenda do evento inclui a exposição “Elizabeth Teixeira: 100 faces de uma mulher marcada para viver”; a “Marcha da Memória Camponesa”, com percurso da Capelinha João Pedro Teixeira, onde o líder camponês foi assassinado, até o Memorial; lançamentos da reedição do livro “Eu marcharei na sua Luta”, do livro “Memória Camponesa”, de um cordel sobre Elizabeth Teixeira e ainda da Plataforma do Memorial na internet. Também haverá apresentações culturais com artistas paraibanos, incluindo cantores e o grupo de coco de roda da comunidade quilombola Caiana dos Crioulos.
O sábado (15), último dia do festival, será dedicado à Feira Cultural da Agricultura Familiar Camponesa, um espaço para valorizar os produtos da reforma agrária e promover o diálogo sobre a memória e história da luta pela terra. O dia será encerrado com um ato político que contará com a presença de autoridades nacionais, estaduais e locais, seguido de atividades culturais na praça principal de Sapé.
História de luta
Enquanto esteve à frente da Liga Camponesa de Sapé, Elizabeth aumentou a participação das mulheres, dobrando o número de associadas. Após o golpe de 1964, foi perseguida e viveu clandestinamente por 17 anos no Rio Grande do Norte, mudando de identidade e se dedicando à alfabetização de crianças. No início da década de 1980, o cineasta Eduardo Coutinho contou sua história no documentário “Cabra Marcado para Morrer”. Desde então, Elizabeth tornou-se um símbolo da resistência camponesa.
Jornalista, radialista e advogado, formado na UFPB, Hermes de Luna tem passagens nos principais veículos de comunicação da Paraíba. É MBA em Marketing Estratégico e em mídias digitais. Apresentador e editor de TV e rádio, também atuou na editoria de portais e sites do estado. Ganhador de vários prêmios de jornalismo, na Paraíba e no Brasil.