Morreu nesta segunda-feira, 12, aos 96 anos, o ex-ministro da Fazenda Antônio Delfim Netto. Segundo informações confirmadas pela EXAME, ele faleceu nesta madrugada e estava internado desde a última segunda-feira, 5, no Hospital Israelita Albert Einstein por conta de complicações de saúde causadas pela idade.
POR QUE IMPORTA: professor emérito da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo, Delfim Netto foi um dos ministros da Fazenda que ocupou o cargo por mais tempo, exercendo a função entre os anos de 1967 e 1974. Foi, ainda, ministro do Planejamento entre 1979 e 1985, ministro da Agricultura (1979) e embaixador do Brasil na França (1975-1977). Após a redemocratização, permaneceu como figura de destaque nos meios econômico e político.
O QUE ACONTECE AGORA: no período em que foi ministro da Fazenda, a economia brasileira registrou as maiores taxas de crescimento em sua história (média anual de 9% de crescimento do PIB de 1968 a 1974). O crescimento aconteceu na época mais dura do AI-5, com restrição de liberdades e perseguição a opositores da ditadura em vigor. O legado desta época de grande avanço econômico com supressão política foi foco de intensos debates nos últimos meses quando foram lembrados os 60 anos do golpe militar de 1964.
Antônio Delfim Netto, que nasceu em 1º de maio de 1928, em São Paulo, e faleceu hoje, 12 de agosto, aos 96 anos, deixou uma marca profunda na história econômica do Brasil. Sua vida foi uma montanha-russa de grandes conquistas e desafios e seu nome será sempre lembrado, tanto por aqueles que o admiraram quanto por aqueles que o criticaram.
De professor a ministro
Delfim Netto começou sua carreira como professor na Universidade de São Paulo (USP), onde se destacou por sua habilidade em simplificar conceitos econômicos complexos e torná-los aplicáveis na vida real. Foi esse talento que o levou ao Ministério da Fazenda em 1967, durante o regime militar. Lá, ele se tornou uma peça-chave nas decisões que moldaram a economia brasileira por muitos anos.
O milagre econômico
Durante o período de 1968 a 1973, o Brasil viveu o que ficou conhecido como o “Milagre Econômico”. Sob a liderança de Delfim, o país experimentou um crescimento econômico acelerado, com taxas que chegaram a mais de 10% ao ano. Isso significou mais empregos, aumento do consumo e uma classe média em expansão. O Brasil, sob a batuta do economista, parecia estar no caminho para se tornar uma potência mundial.
Ele foi o arquiteto de políticas que incentivaram a indústria, aumentaram os investimentos em infraestrutura e mantiveram a inflação sob controle. As grandes obras de infraestrutura que surgiram nessa época, como estradas e hidrelétricas, são, em grande parte, frutos das decisões de Delfim Netto.
O outro lado da moeda
No entanto, como em qualquer história de sucesso, havia um preço a pagar. O crescimento econômico também trouxe consigo problemas. As políticas que Delfim implementou resultaram em um aumento na desigualdade social e em uma crescente dívida externa. Muitas pessoas começaram a sentir que os benefícios do “milagre” não estavam sendo distribuídos de forma justa. A concentração de renda e o endividamento se tornaram fardos que o Brasil carregaria por muitos anos.
Nos anos 1980, quando o Brasil enfrentou uma série de crises econômicas, as críticas às políticas de Delfim se intensificaram. Muitos apontaram que o rápido crescimento havia sido construído a partir de bases frágeis, que não suportaram as turbulências econômicas que se seguiram.
Um pensador ativo até o fim
Mesmo após deixar o cargo de ministro, Delfim Netto continuou a ser uma voz influente na economia brasileira. Ele foi deputado federal por São Paulo e, mesmo após deixar a política ativa, continuou a escrever artigos, dar palestras e participar de debates sobre os rumos do Brasil. Sua opinião era respeitada e frequentemente buscada por políticos, empresários e economistas.
Delfim era conhecido por seu pragmatismo — ele preferia soluções práticas e possíveis, ao invés de ideais difíceis de alcançar. Até o fim de sua vida, ele permaneceu ativo no debate público, sempre oferecendo sua visão clara e direta sobre os desafios econômicos do país.
O legado de Delfim Netto
O legado de Delfim Netto é, sem dúvida, um misto de grandes realizações e lições importantes. Ele foi o responsável por conduzir o Brasil em um período de crescimento econômico que trouxe muitas oportunidades, mas que também deixou cicatrizes que o país levaria décadas para curar.
Delfim Netto será lembrado como um homem que, com suas decisões, ajudou a moldar o Brasil moderno. Sua história nos ensina que o caminho para o progresso é cheio de desafios e que as escolhas que fazemos hoje podem ter impactos que durarão por muito tempo. Seja para o bem ou para o mal, ele deixou uma marca que dificilmente será esquecida.
LIDE
O LIDE – Grupo de Líderes Empresariais lamenta a perda do economista, acadêmico e ex-ministro de Estado, Antonio Delfim Netto, nesta segunda-feira (12). A contribuição Delfim Netto à economia e às políticas socioeconômicas do Brasil são o seu maior legado. Com muito respeito, desejamos força e serenidade aos familiares e amigos.
CNI
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) lamenta o falecimento do economista e do ex-ministro Delfim Netto, ocorrido nesta segunda-feira (12), em São Paulo (SP).
Um dos mais influentes e ativos participantes da vida política e econômica do país, Delfim Netto atuou como deputado federal e ministro em governos nas décadas de 1960 a 1980, além de desempenhar importante papel como conselheiro de presidentes e empresários.
Ao longo de sua longa trajetória como político e estudioso, dedicou-se e contribuiu para o entendimento das questões do país.
A CNI presta condolências à família e amigos.
Jornalista, radialista e advogado, formado na UFPB, Hermes de Luna tem passagens nos principais veículos de comunicação da Paraíba. É MBA em Marketing Estratégico e em mídias digitais. Apresentador e editor de TV e rádio, também atuou na editoria de portais e sites do estado. Ganhador de vários prêmios de jornalismo, na Paraíba e no Brasil.