A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que visa o fim da jornada de trabalho 6×1, apresentada pela deputada Erika Hilton (PSOL-SP), está ganhando destaque no cenário político brasileiro. Com 216 assinaturas de apoio, a proposta agora pode tramitar na Câmara dos Deputados, gerando intensos debates sobre suas implicações para trabalhadores e empresas.
Apoio à PEC: Qualidade de Vida e Direitos dos Trabalhadores
A deputada Erika Hilton defende que a mudança é necessária para melhorar a qualidade de vida dos trabalhadores. A proposta sugere a redução da jornada de trabalho para 36 horas semanais, distribuídas em quatro dias, em vez dos seis dias atuais com apenas um dia de descanso. Hilton argumenta que essa mudança é fundamental para garantir mais tempo livre para os trabalhadores, permitindo que eles se dediquem a atividades pessoais e familiares, além de promover um ambiente de trabalho mais saudável.
Mayra Saitta, advogada empresarial, também apoia a proposta, ressaltando que a jornada 6×1 é desgastante e que a nova configuração pode trazer benefícios tanto para os trabalhadores quanto para as empresas. “A escala 6×1, comum em setores como comércio e saúde, exige que trabalhadores cumpram seis dias seguidos de trabalho. A nova proposta busca uma jornada mais equilibrada”, explica Saitta. Ela acredita que a adaptação às novas regras pode exigir mais contratações, mas que isso também pode ser visto como uma oportunidade de crescimento para as empresas.
Críticas à PEC: Impactos Econômicos e Sustentabilidade das Empresas
Por outro lado, empresários como Luciano Hang, dono das lojas Havan, expressam preocupações sobre os impactos econômicos da proposta. Hang argumenta que a mudança pode gerar um aumento significativo nos custos operacionais das empresas, o que, segundo ele, pode resultar em preços mais altos para os consumidores e afetar a sustentabilidade dos negócios. “Uma possível mudança na jornada 6×1 geraria um custo adicional de 70%. Isso não afetaria apenas as empresas, mas também os consumidores, que enfrentariam preços mais altos”, afirma.
O empresário também critica a abordagem dos parlamentares, sugerindo que eles deveriam focar em resolver problemas existentes em vez de criar novas situações que podem complicar ainda mais a vida dos trabalhadores. “O brasileiro não quer trabalhar menos, ele quer viver melhor, com mais conforto e segurança”, diz Hang, enfatizando que a segurança de uma renda fixa é o que realmente importa para os trabalhadores.
Visão Acadêmica: Desafios e Comparações Internacionais
O professor Paulo Sergio João, da PUC-SP, traz uma perspectiva acadêmica ao debate, afirmando que a comparação com modelos de trabalho em países europeus não é adequada para o Brasil. Ele destaca que, enquanto na Europa os salários são suficientes para uma vida digna, no Brasil muitos trabalhadores precisam de jornadas longas para complementar a renda. “O modelo europeu é um padrão que serviria apenas para alguns setores de atividade profissional”, explica João, sugerindo que a proposta deve ser discutida com cautela e que os sindicatos devem se envolver nas negociações.
Conclusão: Um Debate Necessário
A proposta de emenda à Constituição que visa o fim da jornada de trabalho 6×1 está no centro de um debate crucial sobre o futuro do trabalho no Brasil. Enquanto alguns defendem a mudança como um passo importante para a melhoria das condições de vida dos trabalhadores, outros alertam para os possíveis impactos econômicos e a necessidade de uma abordagem mais equilibrada. O desenrolar dessa discussão será fundamental para moldar as políticas trabalhistas no país nos próximos anos.
Jornalista, radialista e advogado, formado na UFPB, Hermes de Luna tem passagens nos principais veículos de comunicação da Paraíba. É MBA em Marketing Estratégico e em mídias digitais. Apresentador e editor de TV e rádio, também atuou na editoria de portais e sites do estado. Ganhador de vários prêmios de jornalismo, na Paraíba e no Brasil.