TCE encerra homenagens a Ariano Suassuna com peça ‘O Auto da Compadecida’
13 de junho de 2017
Redação

-Sou Ariano, tenho orgulho de dizer, sou Paraíba, sou Pernambuco, sou “Paraibuco” sim senhor – declamou o poeta popular, cantor e compositor Bira Delgado, durante as homenagens que o Tribunal de Contas do Estado presta ao escritor Ariano Suassuna na passagem dos 90 anos de seu nascimento. O evento, que contou com a presença da esposa do artista, Zélia Suassuna, e familiares, ocorreu no Auditório Celso Furtado, no Centro Cultural Ariano Suassuna, sede do TCE, e iniciou uma programação que termina nesta terça-feira (13), às 19h, com a apresentação da peça “O Auto da Compadecida”.

A programação de homenagens começou as boas vindas do presidente do TCE, conselheiro André Carlos Torres Pontes, que destacou a iniciativa do TCE em preservar, não só a memória do artista, mas também seu rico acervo cultural, “para que sirva de exemplo a todos nós”, disse ele. Em seguida houve uma apresentação do coral do TCE, sob a regência do maestro João Alberto Gurgel, que entoou cantos regionais com a participação do cantor Bira Delgado.

Na seqüência, em momento solene, houve a entrega da medalha Cunha Pedrosa – mais importante condecoração do TCE – à senhora Zélia Suassuna, viúva do escritor, feita pelas mãos do conselheiro aposentado, Flávio Sátiro Fernandes, membro da Academia Paraibana de Letras – APL. Em nome da família falou o neto de Ariano Suassuna, João Urbano Suassuna, que em sua fala fez um paralelo do artista Ariano Suassuna o pensador, e Ariano pessoa, para ao final expressar os agradecimentos.

O grupo Armorial do Colégio Motiva de João Pessoa, formado por jovens alunos, apresentou músicas regionais, a exemplo de “A Dança do Mergulhão”, de Antônio Nóbrega. A exibição de um DVD com uma seleção de “Causos de Ariano” deu prosseguimento às atividades para encerrar com um monólogo interpretado pelo teatrólogo Tarcísio Pereira, baseado no texto do poeta e escritor Juca Pontes, espetáculo que será reapresentado nesta 3ª feira, antes da peça ‘O Auto da Compadecida”, encenada pelo Grupo Teatro Experimental de Arte, do Recife (PE).

Ariano Suassuna

Ariano Suassuna faleceu no Recife (PE), em 23 de julho de 2014, vítima de AVC (Acidente Vascular Cerebral). Duas semanas antes – primeiro no teatro Castro Alves, em Salvador, e depois no teatro Luis Souto Dourado, durante o Festival de Inverno de Garanhuns-, ele deu suas últimas aulas-espetáculo, a forma que adotou para exaltar o legado da cultura popular brasileira, e para contar causos e piadas.

Obra

“Uma mulher vestida de sol” foi a primeira peça do escritor e ganhou o prêmio Nicolau Carlos Magno, em 1948. A peça “O Auto da Compadecida” foi escrita em 1955, cinco anos depois de Ariano se formar em Direito, e é considerada a mais famosa dele, devido às diversas adaptações. O cineasta Guel Arraes levou o “Auto” à TV e ao cinema em 1999.

O próprio escritor sempre considerou seu melhor livro o “Romance d’A Pedra do Reino e o príncipe do sangue do vai-e-volta”. A obra, que começou a ser produzida em 1958, levou 12 anos para ficar pronta. Também foi adaptada, por Luiz Fernando Carvalho, e exibida pela Rede Globo em 2007, com o nome de “A pedra do Reino”.

Com o ‘Movimento Armorial’, que Ariano Suassuna começou a articular na década de 70, ele defendeu a criação de uma arte erudita nordestina a partir de suas raízes populares. Membro-fundador do Conselho Nacional de Cultura, o escritor tomou posse na cadeira 32 da Academia Brasileira de Letras (ABL), no Rio de Janeiro, em 1990.

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